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Ministério Público vai investigar contratação de show de R$ 380 mil de Simone e Simaria em Bom Jesus

Simone e Simaria durante sessão de fotos para campanha de joias. (Foto: Reprodução)

O Ministério Público do Rio Grande do Sul vai investigar a contratação do show da dupla sertaneja Simone e Simaria para a Festa da Gila e do Queijo Artesanal Serrano, em Bom Jesus, na Serra. O show, que tem cachê de R$ 380 mil para a dupla, está marcado para o dia 15 de julho. As entradas para o evento custam entre R$ 60 e R$ 250.

O município tem cerca de 11,5 mil habitantes, segundo o IBGE. O valor pago pelo show é próximo do que será gasto pela prefeitura da cidade em junho na educação fundamental, R$ 409 mil. No ano, o município investiu R$ 5,4 milhões em educação, segundo portal da transparência da prefeitura.

O caso vai ser investigado pelo promotor Raynner Sales de Meira, que preferiu não se manifestar. Ao g1, a assessoria de imprensa do MP informou que "vai instaurar procedimento esta semana para apurar se houve irregularidade na contratação". O MP não apontou qual seria a suposta irregularidade.

A assessoria da dupla Simone e Simaria ainda não retornou o contato da reportagem.

Em nota, a prefeitura de Bom Jesus afirma que "o pagamento de tais shows não é retirado do orçamento municipal". E que a venda de ingressos deve cobrir os custos com a contratação de artistas, o que já teria ocorrido entre os anos de 2013 a 2015 e 2017, quando outras atrações nacionais se apresentaram no evento. Leia nota completa abaixo.

A festa que leva o nome do fruto de origem portuguesa, parecido com uma melancia, está na 15ª edição.

A contratação de artistas sertanejos em pequenas cidades do interior do país virou discussão nas últimas semanas. Na Bahia, a Justiça cancelou o Festival da Banana, que pagaria cachês de até R$ 700 mil a cantores como Gusttavo Lima. Há casos em que os shows milionários foram bancados com recursos de emendas parlamentares.

Artistas regionais

No Rio Grande do Sul, a contratação de duplas sertanejas conhecidas nacionalmente tem sido comum, mesmo em eventos típicos gaúchos. Um grupo de músicos se articula para lançar uma campanha em defesa dos artistas gaúchos. Entre eles, está João Luiz Corrêa.

"Demorou para acontecer essas cobranças da Justiça. Cobram ingresso caríssimo e o mais grave: a maioria desses eventos grandes, nem nos consultam. Levam o dinheiro do nosso estado enquanto aqui deixamos de gerar empregos", reclama o músico.

Os artistas locais dizem que não rejeitam os colegas sertanejos e que "todos são bem vindos", frisa João Luiz. A reivindicação é igualdade de oportunidades e valorizar a identidade regional do Rio Grande do Sul.

Nota da prefeitura de Bom Jesus
A Festa da Gila e do Queijo Serrano atingiu patamar de nível nacional, desde que foram realizados shows de grande projeção como os da dupla Milionário e José Rico (2013), Chitãozinho e Xororó (2014), de Michel Teló(2015), Munhoz e Mariano(2017), Marcos e Belutti(2019), dentre outros artistas. Esta prática vem sendo utilizada por diversos municípios do Estado, com resultados muito positivos.

Contudo, necessário informar que o pagamento de tais shows não é retirado do orçamento municipal. No evento de Bom Jesus haverá a cobrança de ingressos e a estimativa da comissão organizadora é de que se obtenha receita suficiente para a cobertura integral dos eventos que promovem a festa e o Município por todo o país. Cabe salientar que a Festa da Gila e do Queijo Serrano de Bom Jesus, já está em sua 15ª edição, e conta com a presença de todos os públicos, sendo que haverá cobrança de ingressos para os principais shows, como é o caso da dupla Simone e Simaria.

A maioria dos estandes da Festa da Gila e do Queijo Serrano deste ano já foi vendida pela comissão organizadora, o que é mais uma fonte de receita para a cobertura dos custos.

A Constituição Federal preconiza o lazer, junto com a saúde e a educação, como um direito social do cidadão. Lazer é saúde também. Por isso, a administração municipal tem como meta levar a todos os cidadãos a oportunidade de lazer, trazendo o melhor para os moradores de Bom Jesus que residem em uma pequena cidade do interior, onde não existem muitas opções de lazer. Neste sentido, pelo menos uma vez por ano entende-se importante proporcionar esse momento, além de ser uma oportunidade para atrair turistas, fomentar a economia com a venda de produtos locais, beneficiando os pequenos agricultores, movimentando o comércio local e os prestadores de serviços. Além disso, o custo efetivo para os cofres públicos para um evento desse porte, quando se comemora o aniversário do Município, é reduzido, pois são inúmeras atividades, além da participação dos artistas.

Também necessário salientar que a aplicação dos recursos nas áreas da saúde e da educação está sendo rigorosamente cumprida, inclusive com valores além do mínimo constitucional. O Município possui e investe no Hospital local, administrado pela Fundação da Universidade de Caxias do Sul, tem executado inúmeras obras, como reformas das Unidades Básicas de Saúde dos bairros, e inclusive o asfaltamento da avenida central. Há, portanto, equilíbrio e responsabilidade nos atos praticados para a realização do referido evento.





Da Redação
com G1/RS
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