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Dengue, zica e chikungunya também podem causar miocardites


Transmissor de dengue, zika e chikungunya, o mosquito Aedes aegypti também é inimigo do coração. Isso mesmo! Nova diretriz sobre miocardites divulgada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aborda as miocardites causadas por arboviroses, especialmente a dengue. A publicação da SBC ganha ainda mais relevância visto que o número de casos prováveis de arboviroses tem aumentado na Paraíba.

“A miocardite consiste na inflamação da camada média do músculo cardíaco, o famoso miocárdio, responsável direto pelo bombeamento de sangue para os órgãos. Esse complexo trabalho do miocárdio, de ejetar adequadamente o sangue oxigenado para o organismo, é fundamental para a nutrição dos tecidos”, explica o pesquisador e cardiologista Valério Vasconcelos.

Lançada no dia 7 de julho passado, a Diretriz de Miocardites 2022 da SBC evidencia que o envolvimento cardiovascular nas arboviroses vem sendo demonstrado especialmente na dengue, que é a arbovirose mais prevalente no Brasil. “De acordo com a publicação da SBC, a dengue é a arbovirose com maior percentual de manifestações cardiovasculares descritas; 48% dos pacientes com a forma grave desenvolvem miocardite”, comenta Valério Vasconcelos.

Conforme o especialista, as miocardites são grandes causadoras de insuficiência cardíaca (quando o coração não está bombeando sangue suficiente para atender às necessidades do seu corpo). “A insuficiência cardíaca é uma cardiopatia que atinge cerca de três milhões de brasileiros e representa um problema de saúde pública no mundo todo, sendo causa líder de internação no hemisfério norte e um grande desafio ao SUS, principalmente com relação aos idosos”, revela Valério Vasconcelos.

Prevenção é necessária

O cardiologista Valério Vasconcelos, que é um dos autores e editores do livro “Eletrocardiograma: um guia de bolso” (Editora Manole), lembra que a miocardite por arbovírus é uma condição aguda, mas a maioria dos pacientes permanece com doença cardíaca crônica, como insuficiência cardíaca crônica (coração crescido) e alterações no eletrocardiograma.

“Já infecções virais, principalmente aquelas mais prevalentes em nosso meio, como a febre chikungunya, devem ser consideradas como fator de descompensação da insuficiência cardíaca (coração fraco) em pacientes previamente estáveis”, afirma o pesquisador. Em relação à chikungunya, a diretriz da SBC aponta que diversas séries de casos em situações de epidemia pelo vírus relatavam percentual de até 37% de acometimento cardiovascular, geralmente quadros compatíveis com miocardite.

Para Valério Vasconcelos, a relação entre arboviroses e cardiopatias mostra que são necessários cuidados preventivos mais eficazes para pacientes cardíacos, cujo quadro pode se agravar caso contraiam doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

“Caso a doença seja confirmada, o ideal é que o médico infectologista que cuidará da pessoa com dengue, chikungunya ou zica possa atuar em conjunto com o cardiologista, buscando a melhor opção de tratamento para o paciente”, destaca. O pesquisador ainda ressaltou que a população pode fazer a sua parte no combate às arboviroses, reforçando os cuidados necessários para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti.

ARBOVIROSES NA PB – Em 2022, Conforme Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde, foram registrados 19.667 casos prováveis de dengue; e notificados 12.284 casos prováveis de chikungunya; para a doença aguda pelo vírus zika, foram notificados 707 casos prováveis. Totalizando as três arboviroses, a Paraíba registrou 32.658 casos prováveis ao longo do ano. Em comparação com o boletim anterior, houve um aumento de 11.735 casos novos. Produzido pela Gerência Executiva de Vigilância em Saúde, o Boletim Epidemiológico sobre a “Situação Epidemiológica das Arboviroses” foi publicado no dia 30 de junho deste ano.





Da Redação
com pbagora
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