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Ataque da Rússia a usina nuclear derruba mercados na Europa, nos EUA e no Brasil

As forças militares da Rússia tomaram a usina de Zaporíjia, a maior da Europa. O ataque gerou um incêndio no local. (Foto: Reprodução)

Bolsas de todo o mundo desabaram nesta sexta-feira (4) após uma madrugada de tensão criada pela possibilidade de uma catástrofe nuclear em novo episódio de agravamento da guerra na Ucrânia.

As forças militares da Rússia tomaram a usina de Zaporíjia, a maior da Europa. O ataque gerou um incêndio no local. Antes do fogo ser controlado, houve temor de uma explosão com impacto potencialmente dez vezes maior do que o do acidente na usina nuclear de Tchernóbil, também na Ucrânia, em 1986.

O presidente ucraniano Volodimir Zelenski declarou que uma eventual explosão na usina de Zaporíjia significaria o "fim de tudo, o fim da Europa".

Refletindo as preocupações de investidores com a crise, o Ibovespa caiu 0,60%, a 114.473 pontos. No fechamento semanal, porém, houve ganho de 1,18%. A valorização desde o início deste ano alcançou 9,21%.

O dólar comercial avançou 0,99% e terminou o dia valendo R$ 5,0780. Apesar do ganho diário, a moeda americana fechou a semana em queda de 1,49%. No acumulado de 2022, a desvalorização frente ao real é de 8,93%.

Bolsa e câmbio expressam a manutenção do interesse dos estrangeiros pelo Brasil e em outros mercados emergentes com potencial de crescimento, enquanto as principais bolsas globais devolvem ganhos acumulados durante a pandemia, quando foram largamente favorecidas por políticas de estímulo adotadas pelos bancos centrais de suas respectivas regiões.

No primeiro bimestre de 2022, o saldo de aplicações de instituições internacionais no mercado de ações brasileiro cresceu 130% na comparação com o mesmo período de 2021.

Os mercados de ações da Europa desabaram nesta sexta. O índice que acompanha as 50 principais empresas da região que tem o euro como moeda mergulhou 4,96%. A Bolsa de Londres despencou 3,48%. Em Paris, o tombo foi de 4,97%. Frankfurt afundou 4,41%.

Nos Estados Unidos, os principais indicadores também fecharam no vermelho. O S&P 500, referência para as ações negociadas em Nova York, perdeu 0,79%. Os índices Dow Jones e Nasdaq recuaram 0,53% e 1,66%, nessa ordem.

Além das preocupações com a guerra, investidores foram impactados por dados do governo que revelaram nesta sexta uma geração de empregos acima do esperado nos Estados Unidos. O aquecimento econômico reforça a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) poderá subir de forma agressiva os juros de referência no país.

Elevações de juros tendem a tirar capital do mercado de ações e direcioná-lo para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Essa categoria de ativo, apesar de entregar rendimentos modestos, é extremamente segura. Esse movimento de investidores, caso ocorra de forma intensa, também favorece a valorização global do dólar frente a outras moedas.

Um dos principais efeitos da escalada da crise na Ucrânia nesta sexta foi a disparada do petróleo. O barril do Brent, referência mundial, saltava 6,74% no início da noite, cotado a US$ 117,90 (R$ 598,36). Era o maior valor desde 8 de fevereiro de 2013, quando a commodity subiu a US$ 118,90.

Na Ásia, as bolsas de Tóquio, Hong kong e Xangai fecharam com quedas de 2,23%, 2,50% e 1,21%, respectivamente.

A aversão ao risco provocada pela tomada da usina ucraniana pressionou a alta diária global do dólar, que apresentou valorização na comparação com 20 moedas emergentes em uma lista de 24 divisas acompanhadas pela agência Bloomberg.

Com isso, a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2021, também nesta sexta, ficou em segundo plano e teve pouco efeito sobre o mercado doméstico nesta sessão, segundo Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, avalia que a chegada do final de semana aumentou a pressão sobre os ativos de risco, conduzindo assim o Ibovespa para um fechamento negativo, uma vez que, em um cenário de guerra, os acontecimentos dos próximos dias são imprevisíveis.

"A piora no sentimento de risco, após o incêndio na usina nuclear de Zaporíjia, leva a uma postura de maior cautela nos mercados", disse.






Da Redação
com Folhapress
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