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Paraibana volta a enxergar após transplante de células-tronco doadas pelo filho: ‘pela minha mãe eu daria a vida’

Maria Lopes de Sousa, de 40 anos, voltou a enxergar após ato de amor do filho Emanuel e a doação de córneas de um desconhecido — Foto: Emanuel de Sousa/Arquivo

Voltar a enxergar era o sonho da paraibana Maria Lopes de Sousa, de 40 anos. Mas ela não imaginava que o sonho seria possível com a ajuda do próprio filho, Emanuel de Sousa. É que após descobrir ser um doador compatível, o jovem fez um transplante de células-tronco para a mãe, que voltou a enxergar após o ato de amor do filho e a doação de córneas de um desconhecido.

“Pela minha mãe eu daria a vida, uma pequena parte do meu olho não é nada demais para mim, mas para ela foi muito importante”, disse Emanuel de Sousa, de 19 anos.

Mãe e filho moram na cidade de Itaporanga, no Sertão da Paraíba. Aos 40 anos, Maria Lopes de Sousa começou a perder a visão e apresentou um problema em que as córneas, dos dois olhos, estavam cobertas por uma membrana vascularizada, impedindo que ela enxergasse.

Filho mais velho de Maria, Emanuel acompanhou o sofrimento da mãe que não podia mais sair sozinha de casa por não conseguir enxergar. “Minha mãe gostava muito de ler, a gente sempre lia a bíblia e quando eu percebi que ela não conseguia mais, isso me doeu muito”, conta Emanuel.

Após buscar ajuda médica, mãe e filho passaram a viajar cerca de oito horas, entre e idas e vindas, para o tratamento de Maria em Campina Grande, no Agreste paraibano. Maria e o filho descobriram que para ela voltar a enxergar seria necessário um transplante de córneas. Porém, para que a cirurgia pudesse acontecer, ela precisaria de uma outra doação de células-tronco, retiradas do olho de um doador em vida que fosse compatível.

“Me senti grato por poder ajudar minha mãe, grato a Deus, aos médicos e a ela também. Em nenhum momento eu tive medo ou receio, só torcia para que tudo desse certo”, afirmou Emanuel.
Para poder realizar o transplante de córneas, Maria Lopes precisou passar antes por outros procedimentos. O primeiro deles foi realizado seis dias antes da cirurgia, em um hospital de Campina Grande. Foi nessa fase em que o filho, Emanuel, descobriu que era compatível com a mãe e realizou todo processo para poder doar as células-tronco para ela.

“Foi preciso fazer anteriormente o transplante de células-tronco, com a retirada da conjuntiva do filho, para poder preparar para o transplante, porque não havia condições antes da superfície receber a córnea”, explicou o médico oftalmologista Diego Gadelha.

Após a primeira cirurgia de Maria, ela realizou um cadastro na Central Estadual de Transplantes como receptora de córneas, vindas de um doador após a morte. Para alegria dela e do filho, o pedido foi atendido e o procedimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) foi realizado com sucesso no dia 17 de junho deste ano. Além do transplante de células-tronco doadas pelo filho, Maria recebeu as córneas de um doador desconhecido.

“A cada dia eu acordo e louvo a Deus pelos meus filhos. Emanuel é um filho que sempre me respeitou e tudo que ele vai fazer compartilha comigo. Tenho muito orgulhe dele e muita gratidão”, disse Maria Lopes.

“Hoje ela já recuperou a visão, ela já consegue contar as letras na tabela, então já teve uma recuperação fantástica, normal para um transplante de córnea. Pra gente é uma emoção poder participar de um procedimento como esse, vê a realização e doação de um filho, de tirar um pedacinho do olho dele pra trazer a esperança da mãe dele voltar a enxergar”, enfatizou o médico Diego Gadelha.

Paraibanos na fila por doação de córneas

De acordo com a chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Carvalho, atualmente 419 paraibanos aguardam na fila por uma doação de córneas, e de janeiro a junho deste ano foram realizados 61 transplantes do órgão no estado.

"O aumento no número de doações e transplantes de córneas na Paraíba se dá através de trabalhos como o de dr. Diego, e de outras equipes que vêm desempenhando um papel fundamental junto à equipe do Banco de Olhos do Estado, mas ainda é preciso que mais pessoas se proponham a ser doadoras", salientou Rafaela.




Da Redação
com G1-PB
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