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AUMENTO DA POBREZA: região metropolitana de João Pessoa é a mais desigual do país, aponta estudo

Morador de rua dorme na Praça dos Três Poderes/Foto: Roberto Targino

Faz pouco mais de um ano que a pandemia de Covid-19 entrou nos lares brasileiros e transformou a vida milhares de pessoas. Para um grande número delas, a mudança foi para pior. Pelo menos 4,3 milhões foram ‘empurrados’ para uma faixa de renda do trabalho considerada muito baixa nas regiões metropolitanas. O movimento, que preocupa pesquisadores, foi verificado na quarta edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles, que apontou a região metropolitana de João Pessoa como a mais desigual do país.

O teor do boletim, publicado pelo jornal Folha de São Paulo, nesta quarta-feira (7), mostrou que no primeiro trimestre de 2020, período inicial da crise sanitária, as regiões metropolitanas somavam 20,2 milhões de pessoas em domicílios com renda per capita do trabalho inferior a um quarto do salário mínimo. No mesmo intervalo de 2021, o número subiu para 24,5 milhões. O aumento de 4,3 milhões vem dessa comparação.

O boletim chegou ao resultado com base em informações da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre o primeiro trimestre de 2020 e igual intervalo de 2021, o percentual de pessoas vivendo em domicílios com renda menor do que um quarto do salário mínimo pulou de 24,5% para 29,4% nas metrópoles.

O estudo é produzido em parceria entre PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Observatório das Metrópoles e RedODSAL (Observatório da Dívida Social na América Latina) e considera apenas a renda do trabalho. Ou seja, recursos de benefícios sociais, como aposentadoria ou Bolsa Família, não entram no cálculo. O auxílio emergencial também não – e, nos períodos analisados, o benefício não estava sendo pago.

No primeiro trimestre de 2020, a renda média do trabalho dos 40% mais pobres era estimada em R$ 233,94. Ao encolher 33,4%, atingiu a marca de R$ 155,89 no começo de 2021. Enquanto isso, os 10% mais ricos tiveram queda bem menor, de 4,8%. A renda média do grupo recuou de R$ 6.921,41 para R$ 6.590,05 no mesmo intervalo. Já os 50% que compõem a faixa intermediária registraram baixa de 7,6% (de R$ 1.313,12 para R$ 1.213,55).

A diferença entre a renda de ricos e pobres é medida pelo Coeficiente de Gini. Na escala do indicador, zero significa igualdade nos ganhos. Quanto mais próximo de um, maior é a desigualdade, o que representa retrocesso nas condições socioeconômicas.

Conforme o levantamento, os 10% mais ricos ganhavam, em média, 29,6 vezes mais do que os 40% mais pobres no primeiro trimestre de 2020. A diferença subiu para 42,3 vezes no início de 2021. A região metropolitana de João Pessoa é aquela com o maior Coeficiente de Gini (0,729). Ou seja, a mais desigual. Em seguida, aparecem Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ), com a mesma marca: 0,687. Segundo a pesquisa, o elevado nível de informalidade nessas metrópoles ajuda a entender a disparidade nos ganhos com o trabalho.

“É um nível de renda muito baixo, que reflete a dinâmica do mercado de trabalho na pandemia. Os dados mostram a necessidade de benefícios como o auxílio emergencial”, aponta André Salata, professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da PUCRS e um dos coordenadores do boletim.

No geral, considerando toda a população, houve queda de 8,5% no rendimento nas regiões metropolitanas. O indicador médio passou de R$ 1.423,93 para R$ 1.302,79. Essa redução fez a renda do trabalho retornar a patamar semelhante ao do início da série, em 2012.




Da Redação
com informações da Folha de São Paulo
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