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CBD: substância indicada pelos médicos para tratar dores

À medida que mais pessoas usam canabidiol (CBD) para tratar dores crônicas no corpo, mais pesquisas científicas são necessárias para garantir que o uso medicinal da substância presente na maconha é seguro. O prestigiado jornal estadunidense Medical News Today publicou uma reportagem recentemente afirmando, no entanto, que os últimos estudos podem começar a superar o estigma associado ao seu uso.

No Brasil, o uso da substância é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2015. Pelas regras, consumidores que quiserem comprar produtos feitos com canabidiol precisam pedir autorização da Anvisa. Do ano de regulação até maio deste ano, 6,5 mil pessoas se registraram na agência para receber a autorização de compra de produtos relacionados a CBD. Só em 2019 foram 1,4 mil novas solicitações.

O que é o CDB?
O CBD é um dos mais de 120 componentes chamados canabinóides, presentes tanto na planta da maconha como em muitas outras existentes na natureza. Porém, ao contrário de outros canabinóides, como o tetrahidrocanabinol (TCH), o canabidiol não possui efeitos psicoativos — ou seja, não deixa as pessoas “altas”. Isso acontece porque o CBD não afeta os mesmos receptores nervosos do corpo humano que o THC.

Para se ter uma ideia das diferenças, o CBD é hoje um mercado que movimenta entre US$ 600 milhões (R$ 2,3 milhões, segundo cotação de agosto) e US$ 2 bi (R$ 7,8 bi) no mundo, segundo o banco estadunidense Cowen & Co. Empresas como a californiana Royal CBD — que já miram o público brasileiro — produzem ursinhos de goma de canabidiol para usos terapêuticos nos estados dos EUA em que a substância é regulamentada (33 hoje, incluindo Washington D.C).

Segundo o nutricionista Diogo Círico, que trabalha em uma das grandes fabricantes de suplementos alimentares em atuação no país, o próprio corpo humano possui um sistema endocanabinóide(ECS, na sigla em inglês) que recebe e transmite sinais de canabinóides: ele produz alguns desses componentes por si só, os chamados endocanabinóides. “O ECS ajuda a regular funções como o sono, o sistema imunológico e, principalmente, a dor”, diz ele.

CBD e THC
Quando o THC entra no corpo, por sua vez, ele produz uma sensação psicoativa ao afetar os receptores endocanabinóides do cérebro, o que ativa a produção química de dopamina. A substância é, assim, o que faz com que a maconha tenha um uso recreativo.

“O CBD tem uma composição muito diferente do THC, e seus efeitos são muito complexos: não é psicoativo, mas influencia o corpo a usar seus próprios endocanabinóides de forma mais efetiva”, explica Círico.

De acordo com um estudo publicado na revista científica Neurotherapeutics, isso acontece porque o CBD, em si mesmo, tem pouco efeito sobre o ECS, ativando ou inibindo outros componentes do sistema endocanabinóide do corpo. Por exemplo: o canabidiol restringe a absorção de anandamida do corpo — um composto associado com a regulação da dor. Quanto mais níveis de anandamida na corrente sanguínea, menos dores uma pessoa vai sentir.

O canabidiol ainda é eficaz em diminuir inflamações no cérebro e no sistema nervoso, o que beneficia pessoas que enfrentam dores crônicas, insônia e alguns sintomas relacionados ao sistema imunológico. Segundo os médicos psiquiatras Claudio Jerônimo, diretor da clínica Unidade Recomeço Helvetia, em São Paulo, e Marco AntonioEchevarria, do AME Psiquiatria Jandira Masur, na grande São Paulo, o CBD pode ser até mesmo a antítese do THC.

“A maconha é composta de diversos tipos de canabinóides – os mais conhecidos são o tetrahidrocanabinol (THC) e o cannabidiol (CBD). O THC se destaca para o mal: é responsável pelos efeitos psicoativos e neurotóxicos, não como a CBD, que funciona para o bem, porque possui diversas possibilidades terapêuticas e até efeitos protetores contra os danos do próprio THC, incluindo efeitos antipsicóticos”, afirmam em um artigo publicado em um artigo científico há dois anos.

Diferentes plantas de cannabis — geralmente chamadas de maconha — possuem vários níveis distintos de componentes químicos. A maneira como as pessoas plantam a erva afeta a quantidade de canabidiol e, por isso, empresas que vendem a substância para uso terapêutico manejam o cultivo para que extraiam a maior quantidade de CBD possível das suas plantações.

Fabricantes de óleos de canabidiol, por exemplo, usam diferentes métodos para extrair a substância e, depois de retirados, são adicionados a outros extratos que formam os produtos à venda nos mercados. No Reino Unido, 250 mil pessoas consomem mercadorias como essa, segundo a BBC. Nos EUA, a Cowen & Co. descobriu que 7% da população consome a substância de alguma forma — de regulação de dores até suplemento alimentar.



Da Redação
com portal correio
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