“Informar a população que esses animais não são transmissores da varíola dos macacos, esse tipo de informação", diz o tenente Fábio Leme, da Polícia Ambiental. (Foto: Reprodução) |
O aumento dos casos da varíola dos macacos provocou uma onda equivocada de ataques a esses animais. É uma ação completamente inútil porque a transmissão do vírus se dá exclusivamente pelo contato entre pessoas.
Macacos-prego vivendo livres, saudáveis, como tem que ser, em uma área que fica a poucos quilômetros do centro de Rio Preto, no noroeste de São Paulo. Espaços assim ganharam ainda mais a atenção da polícia ambiental; fiscalização intensa para tentar frear ataques aos animais. Trabalho de orientação mesmo.
“Informar a população que esses animais não são transmissores da varíola dos macacos, esse tipo de informação", diz o tenente Fábio Leme, da Polícia Ambiental.
Vídeos feitos na reserva ecológica mostram os macacos passando mal e serviram de alerta para a Polícia Ambiental. O coordenador-geral da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres diz que casos de apedrejamento, perseguição e envenenamento contra macacos estão sendo registrados em vários lugares do país.
"Desde que começaram a surgir informações sobre essa nova doença, nós temos percebido um aumento no número de casos de animais que são perseguidos, que são apedrejados ou mesmo envenenados em função da falta de informação da sociedade brasileira. É importante a gente deixar claro que os macacos do Brasil não possuem o vírus da nova varíola e, portanto, eles não representam nenhuma ameaça para o ser humano”, explica Dener Giovanini.
Em menos de uma semana, oito macacos foram resgatados em áreas de mata em Rio Preto - um deles, inclusive, já estava morto. Os outros sete apresentavam sinais de possível intoxicação, quase não conseguiam andar, e alguns ainda estavam machucados. Eles foram socorridos por equipes da Polícia Ambiental e também do zoológico da cidade.
A suspeita é que eles tenham sido envenenados, depois da confirmação de três casos positivos da varíola dos macacos na cidade.
Dos sete, apenas três conseguiram sobreviver. Segundo o veterinário Guilherme Guerra Neto, gestor do zoológico, ainda não é possível saber qual substância causou a intoxicação.
“Eles responderam bem ao tratamento, ao protocolo contra intoxicação que a gente fez. Elas estando bem e aptas para voltar para vida livre, para o seu grupo, na mata, vai ser realizada a soltura desses animais de volta ao grupo", conta.
Maurício Nogueira, virologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto, explica que os animais encontrados no Brasil não oferecem risco para o ser humano quando o assunto é a varíola dos macacos.
“O que nós estamos vendo no Brasil e o que nós estamos vendo na Europa, nos Estados Unidos, é uma transmissão entre pessoas; pessoas que estão doentes e estão transmitindo por contato próximo para outras pessoas. Não existe nenhuma evidência da circulação do vírus da varíola de macacos em macacos no Brasil. Não há necessidade de ocorrer pânico, não há necessidade de evitar os macacos brasileiros, os macacos das Américas, que não são hospedeiros, não estão carregando esse vírus, e não estão transmitindo esse vírus", afirma.
Da Redação
com Jornal Nacional